sexta-feira, 29 de junho de 2012

Telescópio Hubble capta evaporação da atmosfera de planeta distante

HD 189733b fica a 60 anos-luz da Terra e foi analisado em Paris. Gigante gasoso similar a Júpiter recebe muito mais radiação que nós.


(Efe/G1) O telescópio Hubble, da agência espacial americana (Nasa), captou a evaporação da atmosfera de um planeta distante do Sistema Solar, segundo informou nesta quinta-feira (28) a Agência Espacial Europeia (ESA). As conclusões do estudo serão publicadas na próxima edição da revista "Astronomy & Astrophysics".

O planeta HD 189733b, situado a cerca de 60 anos-luz de distância da Terra, recebe um brilho tão intenso de sua estrela que perde pelo menos mil toneladas de gás por segundo.

Os cientistas, liderados por Alain Lecavelier des Etangs, do Instituto de Astrofísica de Paris, observaram a atmosfera desse gigante gasoso similar a Júpiter, que orbita ao redor da estrela HD 189733A, em dois momentos diferentes: no início de 2010 e no final de 2011.

A análise do HD 189733b tem importância não só para entender os planetas similares a Júpiter. Os cientistas pensam que as "super-Terras" rochosas descobertas recentemente poderiam ser restos de planetas como esse depois da evaporação total de suas atmosferas.

O HD 189733b e sua estrela ficam separados por cerca de 5 milhões de quilômetros, uma distância 30 vezes menor que da Terra até o Sol. É por isso que esse planeta se aquece até superar os mil graus, embora o calor não seja suficiente para provocar a evaporação de sua atmosfera.

"A primeira série de observações foi realmente decepcionante, pois não mostravam nenhum rastro da atmosfera. Só nos demos conta de que tínhamos casualmente captado algo mais interessante durante a segunda sessão", explicou Lecavelier.

Nesse momento, a estrela do planeta apresentava uma radiação de raios X que quadruplicava sua luminosidade.

"Não só confirmamos que algumas atmosferas de planetas se evaporam, mas observamos como variam as condições físicas da evaporação com a passagem do tempo. Ninguém tinha conseguido isso até então", ressaltou.

Os astrofísicos calculam que esse exoplaneta ou planeta extrassolar – todo astro cuja órbita não é ao redor do Sol – recebeu uma radiação de raios X três milhões de vezes superior à que a Terra recebe do Sol.

"A HD 189733A emitiu o brilho de raios X mais intenso já observado até agora, e parece muito possível que o impacto do calor sobre o planeta possa ter provocado a evaporação observada horas mais tarde pelo Hubble", explicou Peter Wheatley, da universidade britânica de Warwick.
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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nova maneira de estudar atmosferas de exoplanetas


(ESO) Uma nova técnica permitiu aos astrônomos estudarem pela primeira vez a atmosfera de um exoplaneta em detalhe - embora este não passe em frente da sua estrela hospedeira. Uma equipe internacional utilizou o Very Large Telescope do ESO para captar diretamente o fraco brilho do planeta Tau Boötis b. A equipe estudou a atmosfera do planeta e determinou pela primeira vez a sua órbita e massa de forma precisa - resolvendo assim um velho problema de 15 anos. Surpreendentemente, a equipe também descobriu que a atmosfera do planeta parece ser mais fria a maior altitude, o contrário do que se esperava. Os resultados serão publicados na revista Nature de 28 de Junho de 2012.

O planeta Tau Boötis b [1] foi um dos primeiros exoplanetas a ser descoberto em 1996 e continua a ser um dos sistemas planetários mais próximos que se conhece. Embora a sua estrela hospedeira seja facilmente visível a olho nu, o planeta propriamente dito não o é, e até agora conseguia apenas detectar-se pelo efeito gravitacional que exerce sob a estrela. Tau Boötis b é um planeta grande e quente do tipo de Júpiter que orbita muito próximo da estrela hospedeira.

Tal como a maioria dos exoplanetas, este planeta não transita o disco da sua estrela (como o recente trânsito de Vênus). Até agora estes trânsitos eram essenciais para o estudo das atmosferas dos exoplanetas: quando um planeta passa em frente da sua estrela deixa uma marca das características da atmosfera na radiação estelar. Como nenhuma radiação estelar atravessa a atmosfera de Tau Boötis b em nossa direção, isso implicava que até agora a atmosfera do planeta não podia ser estudada.

No entanto, depois de 15 anos tentando estudar o fraco brilho emitido por exoplanetas quentes do tipo de Júpiter, os astrônomos conseguiram pela primeira vez determinar a estrutura da atmosfera de Tau Boötis b e deduzir a sua massa de forma precisa. A equipe utilizou o instrumento CRICES [2] montado no Very Large Telescope (VLT), instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. Os astrônomos combinaram observações infravermelhas de alta qualidade (em comprimentos de onda da ordem dos 2,3 microns) [3] com uma técnica nova que consegue extrair o fraco sinal emitido pelo planeta, da radiação muito mais forte emitida pela estrela hospedeira [4].

O autor principal do estudo Matteo Brogi (Observatório de Leiden, Holanda) explica: "Graças à elevada qualidade das observações fornecidas pelo VLT e pelo CRICES conseguimos estudar o espectro do sistema com muito mais detalhe do que o que era possível até agora. Apenas 0,01% da radiação observada é emitida pelo planeta, enquanto que o resto vem da estrela, por isso não foi nada fácil separar esta contribuição".

A maioria dos planetas que orbitam outras estrelas foram descobertos pelo efeito gravitacional que exercem nas estrelas hospedeiras, o que limita a informação que podemos retirar sobre a sua massa: apenas podemos calcular um limite inferior para a massa do planeta [5]. Esta nova técnica é muito mais poderosa. Conseguir observar a radiação que vem diretamente do planeta permitiu aos astrônomos medir o ângulo da órbita do planeta e consequentemente determinar a sua massa de forma precisa. Ao traçar as variações do movimento do planeta à medida que este orbita a estrela, a equipe pôde determinar, pela primeira vez, que Tau Boötis b orbita a sua estrela hospedeira com um ângulo de 44 graus e tem uma massa igual a seis vezes a massa do planeta Júpiter no nosso Sistema Solar.

"As novas observações do VLT solucionam o problema, presente há 15 anos, da massa de Tau Boötis b. E a nova técnica significa também que agora podemos estudar as atmosferas de exoplanetas que não transitam as suas estrelas, e também medir as suas massas de forma precisa, o que era impossível antes," diz Ignas Snellen (Observatório de Leiden, Holanda), co-autor do artigo científico que descreve o trabalho. "Este é um grande passo em frente."

Além de detectar o brilho da atmosfera e medir a massa de Tau Boötis b, a equipe estudou a atmosfera e mediu a quantidade de monóxido de carbono presente, assim como a temperatura a diferentes altitudes por meio da comparação entre as observações e modelos teóricos. Um resultado surpreendente deste trabalho é de que as novas observações indicam que a temperatura da atmosfera decresce com a altitude. Este resultado é o oposto do esperado da inversão de temperatura - um aumento da temperatura com a altitude - encontrada em outros exoplanetas quentes do tipo de Júpiter [6][7].

As observações do VLT mostram que a espectroscopia de alta resolução obtida por telescópios terrestres é uma ferramenta valiosa na análise detalhada das atmosferas de exoplanetas que não transitam. A detecção de diferentes moléculas no futuro permitirá aos astrônomos aprender mais sobre as condições atmosféricas do planeta. Ao medir estas condições atmosféricas ao longo da órbita do planeta, os astrônomos poderão até ser capazes de encontrar variações atmosféricas entre as manhãs e as tardes do planeta.

"Este estudo mostra o enorme potencial dos atuais e futuros telescópios terrestres, tais como o E-ELT. Talvez um dia possamos deste modo encontrar evidências de atividade biológica em planetas do tipo da Terra", conclui Ignas Snellen.

Notas
[1] O nome do planeta, Tau Boötis b, combina o nome da estrela (Tau Boötis ou τ Boötis, onde τ é a letra grega "tau" e não a letra t) com a letra "b" que indica que este é o primeiro planeta encontrado em torno desta estrela. A designação Tau Boötis a é utilizada para a estrela propriamente dita.

[2] Sigla do inglês CRyogenic InfraRed Echelle Spectrometer

[3] Em comprimentos de onda infravermelhos, a estrela hospedeira emite menos radiação que no regime óptico, por isso este é o comprimento de onda favorável para separar o fraco sinal emitido pelo planeta.

[4] Este método utiliza a velocidade do planeta em órbita da sua estrela hospedeira para separar a emissão planetária da emissão estelar e também da emissão vinda da própria atmosfera terrestre. A mesma equipe de astrônomos testou esta técnica anteriormente num planeta que transita, medindo a velocidade orbital durante a sua passagem em frente ao disco estelar.

[5] Isto deve-se ao fato da inclinação da órbita ser geralmente desconhecida. Se a órbita do planeta está inclinada relativamente à linha de visão entre a Terra e a estrela, então um planeta com maior massa causa o mesmo efeito de movimento para trás e para a frente da estrela que um planeta mais leve numa órbita menos inclinada, não sendo possível separar os dois efeitos.

[6] Pensa-se que as inversões térmicas são caracterizadas pelas bandas moleculares em emissão no espectro, em vez das em absorção, tal como observado na fotometria de exoplanetas quentes do tipo de Júpiter com o Telescópio Espacial Spitzer. O exoplaneta HD209458b é o melhor exemplo de inversões térmicas em atmosferas de exoplanetas.

[7] Esta observação apoia modelos nos quais a emissão ultravioleta forte associada a atividade cromosférica - semelhante à exibida pela estrela hospedeira de Tau Boötis b - é responsável pela inibição da inversão térmica.
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segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Podemos encontrar um planeta como a Terra antes de 2022", dizem astrofísicos

(EFE/UOL) Os astrofísicos não descartam a possibilidade de encontrar um pequeno planeta similar à Terra em menos de 10 anos, declarou nesta segunda-feira Ignaci Ribas, um dos organizadores do "Cool Stars 17", a reunião internacional sobre estrelas frias que ocorre em Barcelona.

Em entrevista à Agência Efe, Ribas explicou que os especialistas já identificaram mais de 800 planetas ao redor das estrelas frias e que falta muito pouco para encontrarem um que seja muito parecido ao nosso.

Segundo o especialista, apesar de saberem onde esse planeta se encontra, a atual tecnologia ainda não é eficaz para este tipo de experiência. No entanto, se este planeta fosse habitado por seres inteligentes, Ribas destacou que seria possível conversar com eles através de sinais de rádio, embora essa troca de mensagens poderia demorar mais de 100 anos.

Ribas destacou que os planetas se concentram ao redor das estrelas frias, que representam 80% das que se vêem e há no universo, entre elas o Sol. Esses astros são chamados de "frios" porque sua temperatura está abaixo dos 6 mil graus.

Em nossa galáxia há cerca de 200 mil estrelas frias, e as estrelas quentes, que representam 20%, possuem uma temperatura que oscila entre 20 mil e 50 mil graus.

Durante o encontro realizado em Barcelona, os especialistas constataram que as estrelas frias podem ser 10% maior do que se pensava, um dado que possui muita importância na hora de buscar modelos de estudo.

Os especialistas envolvidos no "Cool Stars 17" também destacaram a chamada "música das estrelas", ou seja, as vibrações que esses corpos celestes possuem e que, de acordo com os astrofísicos, aparecem como uma série de frequências, algo similar as notas musicais.

Segundo Ribas, que é astrofísico do Instituto de Ciências do Espaço do CSIC-IEEC, o tom emitido pelas estrelas frias permite a identificação de seu tamanho, sua composição e até sua evolução.

Neste encontro em Barcelona também foram apresentados alguns resultados da missão Kepler (da Nasa), que possui o objetivo de detectar planetas extra-solares através destas frequências com uma técnica similar à sismografia, mas adaptada ao espaço.
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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Planetas vizinhos têm a órbita mais próxima já identificada no Universo

Menor distância entre os corpos chega a quase 2 milhões de quilômetros. Descoberta do telescópio Kepler foi publicada na revista 'Science'.



(G1) Astrônomos americanos encontraram dois planetas vizinhos com a órbita mais próxima já identificada no Universo, com quase 2 milhões de quilômetros na menor distância.

Essa é apenas cinco vezes a extensão entre a Terra e a Lua, o que deixa os "novos" planetas 20 vezes mais perto um do outro que todos os do nosso Sistema Solar. A descoberta foi publicada na revista “Science” desta semana.

O planeta mais interno, batizado de Kepler-36b, orbita a principal estrela de seu sistema a cada 13,8 dias, enquanto o outro, Kepler-36c, completa uma volta a cada 16,2 dias. Como comparação, Mercúrio leva 88 dias para fazer o movimento de translação em torno do Sol.

O Kepler-36b é um planeta rochoso, com 1,5 vez o raio e 4,5 vezes a massa da Terra. Já o outro (que aparece por inteiro na foto acima) é um gigante gasoso, com 3,7 vezes o raio e 8 vezes a massa terrestre.

O “casal” de planetas orbita uma estrela ligeiramente mais quente e cerca de 2 bilhões de anos mais velha que o Sol, situada a 1.200 anos-luz da Terra.

Os corpos têm densidades diferentes e estão perto demais de sua estrela, motivo pelo qual ficam fora da chamada "zona habitável", região de um sistema onde a água líquida pode existir na superfície.

Foram usadas informações do telescópio Kepler, da agência espacial americana (Nasa), que mede o brilho de mais de 150 mil estrelas para procurar planetas em trânsito.

A equipe responsável pelo trabalho foi liderada pelo pesquisador Josh Carter, do Centro de Astrofísica Harvard- Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, e pelo professor de astronomia Eric Agol, da Universidade de Washington, em Seattle.
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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Testando metais

Ao contrário de gigantes gasosos, exoplanetas pequenos e rochosos não preferem um só tipo de estrela-mãe



(Scientific American Brasil) Astrônomos descobriram que planetas pequenos como a Terra podem se formar ao redor de todos os tipos de estrelas, enquanto planetas gigantes gasosos e massivos como Júpiter tendem a se formar ao redor de estrelas com grandes concentrações de elementos pesados como ferro e oxigênio.

Os pesquisadores publicaram suas descobertas online na Nature (Scientific American é parte do Nature Publishing Group), em 13 de junho, e anunciaram os resultados na reunião semianual da Sociedade Astronômica Americana, que acontece em Anchorage nesta semana.

Nos primórdios da ciência exoplanetária, começando com a primeira descoberta de um planeta orbitando uma estrela semelhante ao Sol em 1995, a maioria dos mundos conhecidos fora do Sistema Solar eram gigantes como Júpiter – e às vezes muito mais massivos. Esses pesos-pesados têm os maiores efeitos em seus sistemas planetários e, por isso, são os mais fáceis de detectar. Pesquisadores notaram que os tipos de estrelas abrigando planetas gigantes tendiam a conter níveis relativamente altos dos chamados metais (um termo astronômico para qualquer elemento mais pesado que hidrogênio ou hélio).

As impressões digitais químicas dessas estrelas apontam para a composição dos antigos discos de poeira e gás a partir dos quais os planetas se formaram, indicando que, pelo menos para mundos grandes, ter muitos metais a seu redor encoraja planetas a se formarem. “Se existe bastante matéria no disco, então temos uma chance maior de encontrar esses Júpiteres quentes”, explicou o principal autor do estudo, Lars Buchhave, do Instituto Niels Bohr na University of Copenhagen.

A pergunta era: planetas pequenos – análogos galácticos da Terra e de Netuno – seguem a mesma tendência? Com o advento de instrumentos modernos de caça planetária, como o Kepler, um telescópio espacial construído para procurar corpos do tamanho da Terra, astrônomos finalmente conseguiram dar uma olhada nos pequenos habitantes do zoológico planetário.

Buchhave e seus colegas tomaram medidas espectrais de 152 estrelas que o Kepler inspecionou e onde o telescópio projetou a presença de 226 planetas no total, a maioria deles menor em diâmetro que Netuno, e alguns do tamanho da Terra. (A missão já identificou mais de 2 mil planetas prováveis, mas apenas algumas dúzias foram confirmadas com observações). Eles descobriram que as estrelas-mãe desses mundos diminutos são muito diversas, e que apresentam uma vastidão de metalicidades. Em média, os planetas pequenos orbitam estrelas mais ou menos tão ricas em metais quanto o Sol, uma estrela de composição bastante comum, enquanto exoplanetas gigantes tendem a habitar sistemas planetários mais ricos em metais.

Isso não deveria ser uma surpresa total, aponta o astrônomo Andrew Howard, da University of California, Berkeley. Afinal, de acordo com os modelos teóricos prevalecentes, um planeta gigante adquire um núcleo sólido e depois acumula gases e gelo ao redor dele para inchar até um diâmetro jupteriano. Então esse núcleo deve tomar forma antes de o disco gasoso se dissipar sob a radiação intensa da estrela recém-formada. “Formar um Júpiter é uma corrida contra o tempo”, destaca Howard. Um ambiente rico em metais acelera o crescimento do núcleo, ajudando gigantes gasosos a tomar forma antes de ser tarde demais. Um planeta menor, mais rochoso, por outro lado, não é tão dependente desse efêmero reservatório de gás; ele pode crescer mais gradualmente, mesmo depois do gás no disco protoplanetário ter se evaporado.

“Em minha opinião, isso aponta sem ambiguidade para o fato de que a formação de planetas gigantes gasosos é um processo bastante limitado”, supõe a astrônoma Debra Fischer da Yale University. Uma questão interessante para perseguir no momento, sugere ela, é quão baixa pode ser a metalicidade estelar antes de a formação planetária parar completamente.

A descoberta poderia ser boa para as tentativas do Kepler e de outras campanhas para descobertas exoplanetárias, já que planetas pequenos como o nosso não parecem ser exigentes em relação ao lugar em que vão surgir. “Pequenos planetas poderiam ser muito presentes em nossa galáxia, simplesmente por não precisarem de um ambiente especial para se formaram”, finaliza Buchhave.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Planetas podem se formar em torno de estrelas diferentes, diz estudo

Planetas pequenos podem se formar em torno de estrelas ‘mais leves’. Pesquisa sugere que há planetas como a Terra existentes no universo.


(G1) Uma pesquisa da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, mostra que pequenos planetas, como a Terra, podem ser formados em torno de estrelas com teores de elementos bastante diferentes.

A ideia contradiz uma teoria anterior de que os planetas geralmente se formam somente em torno de estrelas com alto teor de elementos pesados. Publicada na revista “Nature”, a pesquisa sugere que pode haver mais planetas semelhantes à Terra espalhados pelo universo.

Isso porque entre a multidão de planetas já descobertos, é possível distinguir entre os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, e os menores planetas terrestres como a Terra e Marte.

"Eu queria investigar se os planetas só se formam em torno de certos tipos de estrelas, e se existe uma correlação entre o tamanho dos planetas e o tipo de estrela-mãe que está em órbita", explica Lars Buchhave, astrofísico do Instituto Niels Bohr e da Universidade de Copenhagen, um dos autores do estudo.

Buchhave desenvolveu um método para obter mais informações do espectro estelar. Ele e sua equipe analisaram a composição das estrelas de 226 exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) para chegar a essa conclusão.

"Até agora, nós constatamos que a maioria dos gigantes de gás estavam associados a estrelas com um elevado teor de elementos pesados. Para uma estrela ter um elevado teor de elementos pesados tem de ter passado por uma série de renascimentos.”, ele explica.

Mas, segundo Buchhave, a maioria dos planetas são pequenos, ou seja, correspondentes aos planetas sólidos em nosso sistema solar ou tem até quatro vezes o raio da Terra.

"O que nós descobrimos é que, ao contrário dos gigantes de gás, a ocorrência de planetas menores não é fortemente dependente de estrelas com um elevado teor de elementos pesados. Planetas que são até quatro vezes maiores do que a Terra podem se formar em torno de estrelas muito diferentes - também entre as que são mais pobres em elementos pesados.", disse Buchhave.

Essas observações significam que planetas como a Terra poderiam ser difundidos ao longo de nossa galáxia.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Telescópio pequeno descobre dois planetas fora do Sistema Solar

Kelt-1b está situado na constelação de Andrômeda e Kelt-2ab, na de Auriga. Aparelho americano vê milhões de estrelas de uma vez e custa R$ 155 mil.


Planeta Kelt-1b aparece à direita da foto, mais avermelhado, com sua estrela brilhante à esquerda. O planeta fica tão próximo do astro que completa uma órbita em 30h (Foto: Julie Turner/Vanderbilt University/Divulgação)




(G1) Com lentes semelhantes às de uma câmera fotográfica, um telescópio “extremamente pequeno”, localizado no estado americano do Arizona, acaba de revelar a existência de dois planetas “estranhos” e distantes do Sistema Solar.

Os cientistas Thomas Beatty, da Universidade de Ohio, e Robert Siverd, da Universidade Vanderbilt, ambas nos EUA, relataram a descoberta nesta quarta-feira (13) à Sociedade Americana de Astronomia, em entrevista coletiva na cidade de Anchorage, no Alasca.

Um dos corpos (na foto abaixo, à direita) é uma bola superdensa e quente, feita de hidrogênio metálico e ósmio, o metal mais pesado que se conhece na natureza, encontrado na platina e de cor cinza ou azulada. O planeta foi chamado de Kelt-1b e está situado na constelação de Andrômeda.

O Kelt-1b fica tão próximo de sua estrela, que completa uma órbita ao redor dela em 30 horas. Além disso, ele recebe cerca de seis mil vezes mais radiação que a Terra do Sol. Sua temperatura na superfície gira em torno dos 2.200° C. Comparativamente, Mercúrio orbita o Sol uma vez a cada 68 dias, e sua maior temperatura na superfície chega a 425° C.

O novo planeta e sua estrela fazem uma espécie de “dança cósmica” que se assemelha à da Terra com a Lua, embora haja uma exceção: a Lua está “presa” à Terra, por isso vemos sempre a mesma face dela. Em alguns bilhões de anos, essa estrela deve se expandir e engolir o Kelt-1b inteiro.

No passado, o corpo celeste recém-descoberto pode ter sido empurrado por uma estrela companheira que está hoje orbitando esse sistema solar. Os pesquisadores acreditam que o planeta, mais parecido com uma anã marrom, seja capaz de mudar a atual concepção de como os sistemas solares evoluem.

Menos de 1% dos exoplanetas ou planetas extrassolares – fora do Sistema Solar – já descobertos são extremamente grandes e, ao mesmo tempo, muito próximos de suas estrelas hospedeiras.

Telescópio pequeno descobriu dois planetas fora do Sistema Solar (Foto: KELT North Photos/Divulgação)



O outro planeta encontrado pelo telescópio é denominado Kelt-2ab e se apresenta como uma estrela muito brilhante, 30% maior e 50% mais densa que Júpiter. Ele está localizado na constelação de Auriga, a cerca de 12 mil anos-luz da Terra.

A estrela-mãe do Kelt-2ab é tão brilhante que pode ser vista da Terra por meio de binóculos. Os astrônomos acreditam que poderão observar diretamente a atmosfera desse planeta, estudando a luz da estrela que brilha através dele e do calor infravermelho que irradia dele, usando telescópios localizados não só no espaço, mas também no solo.

Esse telescópio e seu “irmão gêmeo” foram projetados para observar milhões de estrelas brilhantes de uma vez só, em extensas áreas do Universo, com baixa resolução de imagem. É um meio de “caçar” planetas fora do sistema solar por um baixo custo. Enquanto a construção de um telescópio tradicional sai por milhões de dólares, esse exemplar sai por US$ 75 mil ou menos de R$ 155 mil.

A equipe usa métodos como o de trânsito, em que o brilho de uma estrela é ofuscado quando um planeta atravessa a sua frente. A recente passagem de Vênus pelo Sol foi um exemplo do uso dessa técnica, que pode trazer mais informações astronômicas.
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terça-feira, 12 de junho de 2012

“Planeta aquático” próximo a Terra é detectado pela NASA


(DailyTech / NASAScience / WorldScience / Hypescience)  O planeta “55 Cancri e” foi descoberto em 2004, habitando a estrela 55 Cancri com mais quatro outros planetas, sendo que ele é o mais próximo a ela.

55 Cancri e foi o primeiro planeta a ser chamado de “superterra”, uma classe de planetas parecidos com a Terra em algumas características, mas maiores – no caso, ele tem cerca de oito vezes a massa da Terra, e fica a 41 anos-luz de nós, na constelação de Câncer.

Recentemente, o telescópio Spitzer da NASA detectou uma luz emanando do planeta. Os cientistas notaram que a órbita de 55 Cancri e leva apenas 18 horas para dar uma volta completa, e é diferente da órbita da Terra não só pelo comprimento, mas pelo tipo: ele tem uma órbita “fixa”, o que significa que um lado do planeta recebe luz o tempo todo, e o outro fica em escuridão o tempo todo.

Por estar tão próximo de sua estrela, o lado de 55 Cancri e virado para ela (que recebe luz o tempo todo) ferve a cerca de 1.726 graus Celsius. Esse calor provavelmente significa que o planeta não tem atmosfera.

No lado claro, a água é provavelmente existente em um estado supercrítico, no qual é encontrada em bolsões localizados, sempre mutáveis entre os estados líquido e gasoso, coberta com uma espessa camada de vapor. No lado escuro, a água é provavelmente fresca e líquida. Porém, esse lado é, quase certamente, tão gelado quanto o outro é quente.

Todas essas novas informações são consistentes com a teoria anterior de que 55 Cancri e é um “planeta aquático”, com um núcleo rochoso coberto por água (em estados diferentes, coberta por vapor).

Apesar disso, segundo cientistas da NASA, a vida nesse planeta é praticamente impossível – você ia preferir morar no lado superquente ou no superfrio?

Mas dizemos “praticamente” porque pode haver uma esperança.

Entre o lado sempre claro e o lado sempre escuro de 55 Cancri e, pode haver uma região com temperatura e água parecidas com a da Terra, aquecida por correntes do lado quente. Também, se o núcleo do planeta for mesmo rochoso, pode oferecer minerais. Se essa região aquática realmente existir, pode ser habitável ou colonizável.

E a resposta para esse mistério pode aparecer em breve, já que o telescópio da NASA James Webb, equipado com avançados sensores espectrais capazes de analisar composições químicas exatas de planetas como 55 Cancri e, será lançado em 2018. Ele vai sondar as superterras em busca de sinais das necessidades fundamentais da vida, como o carbono. Só nos resta esperar.